domingo, 26 de janeiro de 2014

É por domingos assim

É por domingos assim
Que eu quero viver minha vida.
Porque a semana pode ter sido ruim
A dor que achava que não sentia mais pode ter voltado
Os problemas podem não ter te deixado dormir
Mas aí vem o domingo
E você vai pra longe
E você não tem o dever de agradar ninguém
Não tem o dever de ser ideal pra alguém
Não tem o dever de fazer nada
E se joga
E grita
E se solta
Do que te prendia
E se vê livre
Se vê em cima
Está por cima
E não vai mais te deixar ir pra baixo
E respira
Desiste de ver sentido em tudo
Pra ver o sentido da vida.
E é por domingos assim
Que eu quero viver.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Pássaro II

O verão se aproxima mais uma vez
Raios quentes já procuram dominar a paisagem
Chegou o tempo do regresso ao lar...
Aquele que migrou fugindo do inverno
Deve estar procurando o caminho de volta
Mas a árvore onde deixou seu ninho já não é a mesma
Os ventos das estações frias foram fortes demais
Arrancaram seus galhos, não permitiram seus frutos
Sopraram para longe suas folhas, suas raízes cansaram-se de lutar
E ela já não sabe se pode servir de abrigo
Por mais uma estação.
Quem sabe ainda, o fugitivo
Já tenha feito outro ninho
Em galhos novos pra passar novo verão
E só queira da velha árvore um pouco mais de sombra
Um alívio que ela mesma já não pode se dar
O destino, porém, a obriga a esperar
Já que não pode correr em direção a ele
Seu espaço de chão é tudo o que possui
Além daquela esperança que por vezes a faz cega
De desejo pela volta daquele pássaro
Cujo único amor ela imagina continuar sendo o céu
A liberdade que busca ao bater suas asas
E que nunca vai se resumir a um simples tronco
Que um dia por ele de paixão tornou-se brasa
E ainda luta para cinzas não virar.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Na volta, o mesmo


Dizem que de cada viagem você volta outro
E eu viajei muito nessa vida
Muito menos do que eu queria
E muito mais do que alguém esperava
Já que imaginava que eu fosse outra
Mas outra já sou.
Agora sou de um, não sei mais ser de muitos.
E se não sou inteira, nem pedaço quero ser.
Se bem que pedaço já quis ter de uns outros por aí.
Mas metade não posso mais.
Menos que tudo é injusto oferecer.
Menos que tudo eu não quero nem saber
Nem ouvir falar
Nem ler, nem ver.
E agora eu só gosto de estar bem,
De ficar bem.
Agora eu só quero algo que seja bom,
Sempre bom.
Pra eu poder voltar de viagem
Trazer outra de mim na bagagem
Mas querer voltar pro mesmo.